Resistir ou Reexistir

A pandemia nos provou que precisamos da Escola.

Seria apenas tão somente para assistir a aulas e aprender conteúdos que nossas crianças e jovens precisam, indubitavelmente, frequentar presencialmente o espaço escolar?  

A nós, do Fórum Cultural, escola particular de Niterói, parece que não!

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Desde o início da pandemia, mudanças de hábitos e rotinas vêm nos sendo impostas pelos distanciamentos físico e social. Novas formas (possíveis) de sermos e vivermos vêm nos convocando a processos de autoconhecimento, flexibilidade, ousadia, crescimento, superação e resiliência, ao mesmo tempo em que sentimentos como impotência, incapacidade e frustração passaram a ser experimentados de maneira mais ordinária, corriqueira e tangível do que estávamos habituados.

Os desafios socioemocionais de adaptação a essa nova forma de viver, conviver, produzir e existir são significativos. Para muitos aspectos da vida cotidiana, do mundo do trabalho, do convívio social e das relações intra e interpessoais, não haverá recuos. Em muitos cenários, não voltaremos a viver como outrora... e tudo bem! Sem fatalismo. Sem romantismo. Sem curti ou não curti. Simplesmente, tudo bem, porque é isso que nos revela um olhar honesto sobre a história, na humilde constatação de que a vida (em todas as suas manifestações na natureza), evoluiu e se perenizou em sucessivos ciclos de crises e adaptações.

A pandemia impeliu e, consequentemente, nos ensinou a buscar formas outras de vivermos experiências significativas em formatos alternativos, criativos e, essencialmente, inovadores! Consumimos por delivery aquilo que sempre fomos buscar na padaria, celebramos aniversários com coros de vizinhos nas varandas, curtimos lives como novas formas de entretenimento. Tivemos sucesso até mesmo em alfabetizar crianças a distância, ensinando-as o engenhoso traço do H maiúsculo cursivo sem segurar-lhes as mãozinhas!

A verdade é que a experiência dos isolamentos social e físico nos provou que não precisamos de restaurantes para comermos bem, de academia para nos exercitarmos, de escritórios para trabalharmos, de templos para orarmos. Provou que temos meios técnicos e recursos mediadores suficientes para a transposição de experiências que podem migrar para o digital, o imaterial, o remoto e o híbrido, sem perderem a respectiva essência.

E daí que depreendemos uma grande lição nessa pandemia: há experiências que podem, com determinação, investimento e flexibilidade, ser vividas de maneiras renovadas. Outras, contudo, absolutamente não! Eis o caso da Escola! 

A pandemia nos provou que precisamos da Escola. Precisamos das crianças e dos jovens fisicamente presentes nos ambientes escolares, como garantia de pleno desenvolvimento das infâncias e juventudes e da formação integral. Mas será que essa premissa é válida no que diz respeito à nossa compreensão da função tradicional da Escola? Seria apenas tão somente para assistir a aulas e aprender conteúdos que nossas crianças e jovens precisam, indubitavelmente, frequentar presencialmente o espaço escolar?  

A nós, do Fórum Cultural, escola particular de Niterói, parece que não!

Uma pesquisa, na nossa Escola, em outubro de 2020, revelou que 91,1% das famílias aprovaram as entregas acadêmicas realizadas na modalidade remota. Essa avaliação, que muito nos orgulha, também muito nos desafia: com o retorno da Escola presencial, o remoto dá lugar ao híbrido que, quando apropriado de maneira segura, viabiliza novas estratégias, positivas e cheias de potencial!

Assim como lives, videochamadas e outras tantas novas práticas que vieram para ficar nas nossas rotinas, a modalidade híbrida também se ampliará como estratégia inexorável de viabilização de aprendizagens e experiências acadêmicas. E os benefícios que o ensino híbrido, as ofertas assíncronas e a modalidade remota oferecem são enormes. Ampliação de tempos, espaços, experiências e oportunidades de aprendizagem, de desenvolvimento de autonomia, de estabelecimento de jornadas individuais e coletivas, de construções colaborativas, todos são ativos resultantes de uma Escola que ultrapassa os próprios muros e se amplia ilimitadamente na diluição da virtualidade. 

Mas nenhuma dessas conquistas tem valor em detrimento do desenvolvimento socioemocional dos alunos, das aprendizagens próprias do espaço escolar, dos conflitos, dos afetos, das vivências e memórias que somente a Escola tem por função, sentido e missão.

Sem abrir mão de nenhum pressuposto essencial do ato educativo, nem tampouco das dimensões estruturante e edificante que a Escola tem na formação acadêmica, social e moral de uma criança, o que a escola híbrida tem a oferecer para a formação integral e de excelência é fenomenal! Uma nova equação da Escola pós-pandemia: somar sem subtrair, multiplicar sem dividir, como condição de desenvolvimento pleno das infâncias e juventudes, em todos os respectivos direitos de aprendizagem. 

Já chegamos à nossa melhor entrega? Nosso melhor estará sempre na próxima meta! Mas seguimos guiados pela certeza das nossas ações, da intencionalidade de nossas escolhas, da garantia da excelência. Seguimos guiados pela oportunidade que o devir ora se nos apresenta: aceitar as mudanças do tempo e oferecer aos nossos alunos as ferramentas necessárias ao tempo das próprias existências! E assim vamos inovando, mas permanecendo o mesmo Fórum Cultural!
A inexorabilidade das mudanças nos desafia a uma pergunta que precisamos responder para as múltiplas dimensões do existir:
frente aos imperativos dos novos tempos, vamos resistir ou reexistir?    

 

Esse conteúdo é de autoria de Adriana Hassin, Diretora Executiva do Fórum Cultural, uma Escola particular em Niterói.