Rumo a 2038!

Nos últimos dias, a rotina das escolas foi finalmente repovoada pela fofura dos
passinhos imprecisos dos pequeninos da educação infantil, com olhinhos
curiosos e mãozinhas ágeis

Mas você já parou para pensar que uma criança matriculada no maternal neste
ano de 2022, aí pelos seus dois aninhos de idade, só terá concluído a
Educação Básica e sairá da escola no ano de 2038?

Quão mudado estará o mundo na iminência da década de 2040? Quais serão
os desafios a serem enfrentados lá por 2038, quando entregarmos esses
pequenininhos de hoje ao mundão, para os voos solo que voarão? Qual o
projeto de escola que precisamos desenvolver hoje para que as competências
necessárias à vida em 2038 estejam potencializadas nos estudantes?

Há muitas vertentes possíveis, tanto teóricas quanto metodológicas, que uma
escola pode trilhar. Há muitos projetos de escola capazes de mobilizar as
ferramentas certas para se chegar nesse "espaço-tempo" chamado 2038 que não sabemos com muita certeza ainda como será! Mas, seguramente, o
sucesso desses projetos está assentado na premissa de uma Educação
Integral e humanizadora para cada um dos estudantes, tendo a
sustentabilidade como eixo temático estruturante à formação discente.

Aqui, no Fórum Cultural, acreditamos que é somente pelo desenvolvimento
pleno e integral dos nossos alunos que contribuiremos para que eles estejam
prontos para atravessar nossos portões de saída em 2038. É na premissa da
Educação Integral, que visa desenvolver o indivíduo em todas as suas relações
(com o saber, com o fazer, com o conviver e com o ser), que colaboramos para
a edificação de sujeitos potentes e maduros em conhecimentos acadêmicos e
sociorrelacionais, capazes de empreender e empreenderem-se.

Nessa perspectiva de uma educação integral orientada para o humanismo, o
Fórum Cultural se conecta com prerrogativas do desenvolvimento sustentável.
Entendemos que a (re)construção das relações dos indivíduos consigo
próprios, com os outros e com o planeta são aspectos imperativos para o
desenvolvimento sadio das crianças e jovens, conferindo-lhes as credenciais
necessárias para o exercício da cidadania transformadora que lhes será
exigida na segunda metade do século XXI.

Nosso currículo, assim, está estruturado em premissas que têm a
sustentabilidade como eixo norteador. Ao compreendermos o ser humano
como essencial, complementar mas, fundamentalmente, como parte
constitutiva de um sistema complexo, precisamos orientar o percurso formativo
de nossos alunos para estudos e experiências que os beneficiem na
(auto)percepção  da complexidade em que vivem.

É preciso que nossos alunos se reconheçam, em suas unicidades, como partes
de um todo que precisa ser articulado e harmônico; como entes
transformadores e transformados pela realidade que ajudam a construir e,
portanto, são por ela corresponsáveis.

Daí um currículo que, para além de fomentar a reflexão, convoca à ação!

Desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, os alunos do Fórum Cultural
têm, semanalmente, tempo dedicado aos debates e ações / intervenções
orientados à construção de um mundo sustentável. Ecologia, lixo e desperdício,
energia limpa, pegadas de carbono, fome e combate ao desperdício, relações
sociais sadias, trabalho e intervenção social, todos são temas que povoam o
cotidiano escolar dos nossos alunos.

Desde o simples hábito de separação do lixo reciclável, a coleta de lixo
eletrônico, a reorientação conceitual de lixo orgânico para material orgânico
depositado nas composteiras, o plantio e a manutenção da horta, as interações
com a comunidade do entorno da escola, o avançar do compromisso de
construção de uma escola e uma sociedade antirracistas, são todas são
práticas efetivas e objetivas da nossa rotina escolar. São parte do nosso
currículo justamente por serem parte do projeto de mundo no qual acreditamos
e nos dedicamos, diariamente, a construir. E assim trilhamos os caminhos
formativos que prepararão nossos alunos e alunas para os desafios de 2038 e
além!

Se o presente já nos convoca a uma vida conectada com o planeta, para o
futuro a existência sustentável se faz imperativa. Natureza e sociedade
chegaram ao limite das existências concorrentes e a reconexão das relações
homem-natureza, homem-sociedade, sociedade-natureza e sociedade-
sociedade nos é imperativa, inexorável e urgente. Agendas mundiais abraçam,
com vigor crescente e intervenção contundente, sustentabilidade como pauta.
Há que se entender as relações natureza-sociedade e, a partir delas, construir
existências sadias. Na perspectiva planetária, 2038 está logo ali... e nos
projetos educativos? Quão distante se está deste horizonte? Nós, do Fórum
Cultural, estamos no caminho. Rumo a 2038!

Adriana Hassin
Diretora do Fórum Cultural